Os Limites entre as Placas

08-11-2010 21:17

 

Limites transformantes ou conservativos

    O movimento lateral esquerdo ou direito entre duas placas ao longo de uma falha transformante pode produzir efeitos facilmente observáveis a superfície. Devido a fricção, as placas não podem pura e simplesmente deslizar uma pela outra. Em vez disso, a tensão acumula-se em ambas as placas e quando atinge um nível tal, em qualquer um dos lados da falha, que excede a forca de atrito entre as placas, a energia potencial acumulada e libertada sob a forma de movimento ao longo da falha. As quantidades maciças de energia libertadas neste processo são causa de terremotos, um fenômeno comum ao longo de limites transformantes.

    Um bom exemplo deste tipo de limite de placas e o complexo da falha de Santo Andre, localizado na costa oeste da America do Norte o qual faz parte de um complexo sistema de falhas desta região. Neste local, as placas do Pacifico e norte-americanas movem-se relativamente uma a outra, com a placa do Pacifico a mover-se na direção noroeste relativamente a America do Norte. Dentro de aproximadamente 50 milhões de anos, a parte da Califórnia situada a oeste da falha será uma ilha, próxima do Alasca.

    Deve salientar-se que a verdadeira direção de movimento das placas que se encontram numa falha transformante como a de Santo Andre, muitas vezes não coincide com o seu movimento relativo na zona de falha. Por exemplo, segundo os dados obtidos a partir de medições efetuadas por GPS, a placa norte-americana move-se para sudoeste quase perpendicularmente a placa do Pacifico enquanto esta se move mais em direção a oeste relativamente ao movimento para noroeste ao longo da falha de Santo Andre . As forcas compressivas resultantes são dissipadas por soerguimentos na maior zona de falha. Os dobramentos presentes nesta zona, bem como a própria falha de Santo Andre no sul da Califórnia, são o provavelmente resultado de estiramento crustal na região da Grande Bacia, sobreposto ao movimento global da placa norte-americana. Alguns geólogos especulam sobre o possível desenvolvimento de um rift na Grande Bacia, uma vez que a crusta nesta zona esta a adelgacar-se de forma mensurável.

 

 

Limites divergentes ou construtivos

    Nos limites divergentes, duas placas afastam-se uma da outra sendo o espaço produzido por este afastamento preenchido com novo material crustal, de origem magmática. A origem de novos limites divergentes e por alguns associados com os chamados pontos quentes. Nestes locais, células de convecção de grandes dimensões transportam grandes quantidades de material astenosferico quente ate próximo da superfície e pensa-se que a sua energia cinética poderá ser suficiente para produzir a fatoração da litosfera. O ponto quente que terá dado inicio a formação da dorsal meso-atlantica situa-se atualmente sob a Islândia; esta dorsal encontra-se em expansão a velocidade de vários centímetros por século.

    Na litosfera oceânica, os limites divergentes são típicos da dorsal oceânica, incluindo a dorsal meso-atlantica e a dorsal do Pacifico oriental; na litosfera continental estão tipificados pelas zonas de vale de rift como o Grande Vale do Rift da África Oriental. Os limites divergentes podem criar zonas de falha mento maciços no sistema de dorsais oceânicas. A velocidade de expansão nestas zonas geralmente não e uniforme; em zonas em que blocos adjacentes da dorsal se deslocam com velocidades diferentes, ocorrem grandes falhas transformantes. Estas zonas de fraturas, muitas delas designadas por um nome próprio, são uma das principais origens dos terremotos submarinos. Um mapa do fundo oceânico mostra um estranho padrão de estruturas constituídas de blocos separadas por estruturas lineares perpendiculares ao eixo da dorsal. Se olharmos para o fundo oceânico entre estas zonas de fraturas como se de uma banda transportadora se tratasse, a qual afasta a crista de cada um dos lados do rift da zona media em expansão, este processo torna-se mais evidente. As cristas dispostas paralelamente ao eixo de rift encontram-se situadas a maior profundidade e mais afastadas do eixo, quanto mais antigas forem (devido em parte a contradição térmica e a subsidência).

    Foi nas dorsais oceânicas que se encontrou uma das evidencias chave que forçou a aceitação da hipótese de expansão dos fundos oceânicos. Levantamentos aeromagneticos (medições do campo magnético terrestre a partir de um avião), mostraram um estranho padrão de inversões magnéticas em ambos os lados das cristas e simétricas em relação aos eixos destas. O padrão era demasiado regular para ser apenas uma coincidência, uma vez que as faixas de cada um dos lados das dorsais tinham larguras idênticas. Havia cientistas que tinham estudado as inversões dos pólos magnéticos na Terra e fez-se então a ligação entre os dois problemas. A alternância de polaridades naquelas faixas tinha correspondência direta com as inversões dos pólos magnéticos da Terra. Isto seria confirmado através da datação de rochas provenientes de cada uma das faixas. Estas faixas fornecem assim um mapa espacio-temporal da velocidade de expansão e das inversões dos pólos magnéticos.

    Ha pelo menos uma placa que não esta associada a qualquer limite divergente, a placa das Caraíbas. Julga-se que terá tido origem numa crista sob o Oceano Pacifico, entretanto desaparecida, e mantém ainda assim em movimento, segundo medições feitas com GPS. A complexidade tectônica desta região continua a ser objeto de estudo.

 

 

Limites convergentes ou destrutivos

    A natureza de um limite convergente depende do tipo de litosfera que constitui as placas em presença. Quando a colisão ocorre entre uma densa placa oceânica e uma placa continental de menor densidade, geralmente a placa oceânica mergulha sob a placa continental, formando uma zona de subduccao.

    A superfície, a expressão topográfica deste tipo de colisão e muitas vezes uma fossa, no lado oceânico e uma cadeia montanhosa do lado continental. Um exemplo deste tipo de colisão entre placas e a área ao longo da costa ocidental da America do Sul onde a placa de Nazca, oceânica, mergulha sob a placa Sul-americana, continental. À medida que a placa subductada mergulha no manto, a sua temperatura aumenta provocando a libertação dos compostos voláteis presentes (sobretudo vapor de água)

.     À medida que esta água atravessa o manto da placa sobrejacente, a temperatura de fusão desta baixa, resultando na formação de magma com grande quantidade de gases dissolvidos. Este magma pode chegar à superfície na forma de erupções vulcânicas, formando longas cadeias de vulcões para la da plataforma continental e paralelamente a ela. A cadeia montanhosa dos Andes apresenta vulcões deste tipo em grande numero.

     Na America do Norte, a cadeia de montanhas de Cascade, que se estende para norte a partir da Sierra Nevada na Califórnia, e também deste tipo.

    Este tipo de vulcões caracteriza-se por apresentar alternância de períodos de dormência com erupções pontuais que se iniciam com a expulsão explosiva de gases e partículas finas de cinzas vulcânicas vítreas, seguida de uma fase de reconstrução com magma quente. A totalidade do limite da placa do Pacifico apresenta-se cercada por longas cadeias de vulcões, conhecidos coletivamente como Círculo de Fogo do Pacífico.

    Onde a colisão se da entre duas placas continentais, ou elas se fragmentam e se comprimem mutuamente ou uma mergulha sob a outra ou (potencialmente) sobrepõe a outra. O efeito mais dramático deste tipo de limite pode ser visto na margem norte da placa Indiana. Parte desta placa esta a ser empurrada por baixo da placa Euro-asiática, provocando o levantamento desta ultima, tendo já dado origem à formação dos Himalaia e do planalto do Tibete.

    Causou ainda a deformação de partes do continente asiático a este e oeste da zona de colisão.

    Quando ha convergência de duas placas de crusta oceânica, tipicamente ocorre à formação de um arco insular, à medida que uma placa mergulha sob a outra. O arco e formado a partir de vulcões que eruptam através da placa sobrejacente à medida que se da à fusão da placa mergulhaste. A forma de arco aparece devido à esfericidade da superfície terrestre. Ocorre ainda a formação de uma profunda fossa submarina em frente a estes arcos, na zona em que o bloco descendente se inclina para baixo.     Bons exemplos deste tipo de convergência de placas são as ilhas do Japão e as Ilhas Aleutas, no Alasca.

    Nem todos os limites de placas podem ser definidos. Alguns são largas faixas cujo movimento ainda e mal conhecido pelos cientistas. Um exemplo e o limite mediterranico-alpino que envolve duas placas principais e varias micro placas.